segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Junto ao ribeiro

Junto ao ribeiro,
´Por entre linhas de árvores desalinhadas,
Me sentei, olhando,
Contemplando a água imortal.

Por entre devaneios
E sonhos infinitamente frustrados,
Vi as folhas,
Vi a luz.

Nos raios que me alouravam a fronte,
Que me lavavam a alma,
Senti uma ponta de pudor,
Uma ponta de censura.

Sorri...
As algas baloiçavam,
Submissas à corrente,
Esverdeadas na sua lentidão.

A terra estava húmida
E o seu odor,
Majestosamente inebriante,
Entorpeceu-me a razão.

Ah, pudera eu
Ficar eternamente entorpecido,
A salvo do que sou,
Refugiado no que não sou.

Para sempre sem escolhas,
À deriva no inconsciente,
Quero ficar,
Quero viver.

A pedra está fria.
A água varre os meus passos.
Sou efémero,
Inútil em todo o movimento.

A luz é morna...
Embala-me o espírito.
E aqui estou, à beira deste ribeiro.
Amando o finito.

domingo, 30 de outubro de 2011

Imperfeição

Somos imundos.
A nossa carne apodrece.
Fica apenas cinza,
Odor que entorpece.

Somos incompletos,
Imperfeitamente desenhados.
Fomos perfeitos.
Somos indesejados.

Somos um puzzle inacabado...
Peças aleatoriamente dispostas.
Sem um plano de reserva,
Tudo nos virou costas.

Somos despojos.
Restos de algo superior.
Somos fracos.
Existe apenas dor...

Mendigo

Flui a emoção
Deste abraço cego,
De um soluço emocional,
De algo que eu nego.

A ponta da sola
Empurra-me sem remorsos.
Tudo são formas,
Tudo são esboços.

Sombras que marcam
A escuridão inebriante.
Algo flui do coração
Algo me deixa distante.

Sou efémero,
Inútil na minha utilidade.
Seguro de ser perene
Inseguro da minha vaidade.

Foge,
Eu fujo contigo.
Estarei só.
Serei um mendigo...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Tempo

Jovem és,
Velho serás,
Sorriso efémero
Que nas memórias jaz.

Lembranças ténues
De tempos passados.
Vontades esquecidas,
Choros abafados.

Garras imbatíveis
Do tempo que nos rodeia.
Ampulhetas em queda,
Palavra que escasseia.

Sangue morto
De mágoas envenenado.
Um dia acordarás
E estará tudo terminado.

Talvez ainda seja cedo,
Para perceber tal verdade...
Mas ainda há tempo.
Falta é vontade...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ilusões

A criação é destruição.
Partindo do inútil,
Complicando o fácil,
Criando o fútil.

Iludindo a mente
Para acreditar,
Que o simples
Pode significar,

Algo mais de útil,
Algo de profundo.
Talvez seja ingénuo,
Ao crer em algo moribundo.

Caminharás em ilusões,
Em construções mentais
De uma coisa inexistente.
Sofrerás mais.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Caminho

Caminho. Não dei pelo tempo passar, nem pelo espaço a movimentar-se. Caminho somente. A chuva limpa o caminho, abençoa os passeios e absolve os meus pecados. É noite. Faz frio. O vento implacável arrasta as folhas soltas, mortas, como se nunca tivessem existido. Da terra vieram e para a terra voltarão. Ninguém irá sentir a sua falta. Quanto muito, alguém irá passar pela árvore agora despida e dirá, "As folhas já caíram... Ficam tão tristes as árvores, assim, vulneráveis...". Mas ninguém irá dizer, "Onde está aquela folha? Sinto mesmo falta dela..." Folhas são folhas e homens são homens.
As luzes estão ligadas, mas de pouco me servem. O meu caminho é tenebroso, escuro e traiçoeiro. Mas pouco me interessa... Para quê caminhar, se não há nada que nos faça querer fazê-lo? Correr por gosto não cansa? Mentira, cansa mais do que se caminharmos por algo. E esse é o meu problema: Não quero caminhar sozinho... Quero alguém que me sussurre, "vai ficar tudo bem", quero alguém que me diga que eu vou conseguir... Mas sei que volto para casa e não está lá ninguém. É frio e inóspito. A cama está fria. Eu estou frio.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Refúgio

Numa rocha erodida,
Pelas garras implacáveis do tempo,
Sentei a minha alma,
À espera de melhores dias.

Parti incompleto,
Leve em demasia...
Senti a falta da minha carga.
A felicidade passou a alegria.

Talvez um dia lá volte...
A esse local inospitamente abandonado.
Será que ainda me espera?
Quero voltar a ser pesado.

Beijo

Não tanto uma união,
Como um silêncio forçado.
A ordem de acção
É calar o coração...

Ceder ao ser incompleto,
Uma parte inacabada...
Peça de puzzle deslocada,
Conta apenas o vazio.

Fuga salivar
De realidades hostis...
Subterfúgios corporais
De felicidade, nada mais...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Más notícias

Talvez ainda esteja a viver naquele momento doce, que antecede a tomada de consciência de algo que nos magoa. O que provocará tal negação de uma realidade dolorosa? Será o nosso orgulho ferido, será a nossa carapaça emocional? Quiçá...
Mas penso que a grande questão é a adaptação. Com o devido tempo, qualquer pessoa, qualquer coisa, se adapta às novas condições. Algo triste de se dizer, sim, mas essencial para sobrevivermos, emocionalmente falando.
Mas como sair deste estado? Porque sentir a angústia é necessário, para crescimento mental. Como aceitar algo a que nós tentamos fugir, como aceitar a dor que nos atormenta? O grande problema deste meu idealismo, deste meu devaneio, é que existe uma premissa essencial a todo o funcionamento deste teorema: a total honestidade do ser humano. Como poderemos sentir algo que não queremos sentir, se não formos honestos connosco, com os nosso ideais, com a nossa mente? Daí esta ilusão de indiferença, que acompanha os dias após uma ominosa notícia.
Não se trata, então, de uma indiferença, de orgulho, de carapaças emocionais. Trata-se de uma mentira que nós colocamos, implantamos, para podermos viver normalmente. A vida não pára, não esperam por nós as engrenagens que regem os nossos destinos. Há que seguir em frente, que o bem comum pode mais que o bem individual. São artimanhas que advêm do dito desenvolvimento humano e comunitário, mas que se tornaram essenciais.
Idealismo que aqui prego, sem os seguir. O grande dito dos padres, "Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço", aplica-se com toda a popa e circunstância. Digo, mas não faço, nem quero fazer. Há que ser alegre, há que ser agradável. Não nos questionemos, não ponhamos em causa os sentimentos que nos definem e que brotam do âmago do nosso ser.
Será que ao questionar, estaremos a ser honestos? O que é ser honesto connosco? Vivemos em ignorância, em desacordo com a nossa razão. Passamos a ser, não o que queremos, mas o que querem que nós sejamos.

sábado, 8 de outubro de 2011

Einstein's dead

Quantum particles
Of predective movement.
Created darkness
With the brightness.
Playfull wormholes
Of other fabrics -
Space-feelings -
Undetermined equations.

Laws to be broken,
Errors that are fine.
Relativity of the certanty.
Einstein's dead.

Lapidated core
Of subatomic questions.
Macro-anwsers,
Nano-knowledge.
Collision of fractals,
Fibonnacci's irregularities.
The apple doesn't fall.
The Eartg goes right through it.


Laws to be broken,
Errors that are fine.
Relativity of the certanty.
Einstein's dead.

Einstein's dead.
Einstein's dead.

Lesbian love

Two that don't become one,
Bodies that don't unite.
Let's stay apart,
Let's be the "I" in lesbian.

A better understanding,
The greatest understatement.
A greater connection,
Without the connector.

What is there to know?
Your body is just like mine.
There is more than just atraction.
You can call it love, that's fine.

Unbounded kisses,
Known movements.
There is no puzzle,
My body is our temple.

The muscle memory is the same.
We don't give to much.
Maybe there can be a little help.
Our love doesn't seem enough.


What is there to know?
Your body is just like mine.
There is more than just atraction.
You can call it love, that's fine.

Jungian considerations

Swelled vessels,
Explosions of the heart.
The playing isn't enough,
I need more.
It does restrict me,
This fear of overacting,
Overreacting from within.

The clicks have been to much,
Places we can't understand enough.
Maintain the connection,
Restore the reflection,
Avoid misconception,
Endure creation.

Deep lying mortality,
Repressed in its core.
Twisted fate on the rails,
Today, there are no bails.

Fallen from the earth,
Rejecting things above.
The timing was wrong,
But the words are right.
Fallen compasses,
Metric rullers,
Let there be light.


The clicks have been to much,
Places we can't understand enough.
Maintain the connection,
Restore the reflection,
Avoid misconception,
Endure creation.

Deep lying mortality,
Repressed in its core.
Twisted fate on the rails,
Today, there are no bails.

Meditações

Peso exacerbado
De algo que não foi construído,
Tudo é destruído.
Destitui o cargo,
Passou a dor.
O sábio vê, mas não olha.
Caiu a folha.

Quebrou-se o fulgor,
Deste tambor ominoso.
O olhar é criminoso.
Quem queremos enganar?
Sobe mais alto,
Acelera a tua descida.
Rebentou a esperança inatingida.

As ondas do solo parado,
Engolem o meu suspiro.
Voltarei ao meu retiro.

Sem título #1

Ripple marks upon your teeth,
Engage you with the light.
Remember all the broken pieces.
That surround you in the night. time.
You wake up and close your eyes,
You should know where to go.

I walk today,
Through the tenses that define our life.
We woke and said,
That this will be our last time.
I walk today,
And remember the fire in your eyes.
I drowned again
In a ship of broken smiles tonight.

Around me are these shallow eyes,
Pulling me down.
Breaking through the dark ahead,
Going all the way around.

Sweaty palms hold me tonight,
Through the fire of delight.
Ride this wave of solitude
Drowning in despair
Joining heart with other dreams
Divided by the light.


I walk today,
Through the tenses that define our life.
We woke and said,
That this will be our last time.
I walk today,
And remember the fire in your eyes.
I drowned again
In a ship of broken smiles tonight.



Around me are these shallow eyes,
Pulling me down.
Breaking through the dark ahead,
Going all the way around.

Refractions

The light's out
The sheets are divided.
Message shows,
We are strangers to the night.
It's broken,
It wans't ever tied up.
The silence is our friendliest thing,
Time to get out.

Couches full of fight,
Once filled with faith.
Broken mirrors might
Show uns how to levitate.

Closed into a shell
Of broken glass,
Don't scrape your knees.
The feeling is gone and I'm here,
Filling up the void.
I was connected to the unknown,
The rope was broken.
And I'm here,
Looking through shattered memories.

This our last trip,
Our feelings will subside.
The end is the only way,
We can't fight over time.
We're shipping to sea,
We're sailing apart,
And leaving town,
We're shipping to sea.