Caminho. Não dei pelo tempo passar, nem pelo espaço a movimentar-se. Caminho somente. A chuva limpa o caminho, abençoa os passeios e absolve os meus pecados. É noite. Faz frio. O vento implacável arrasta as folhas soltas, mortas, como se nunca tivessem existido. Da terra vieram e para a terra voltarão. Ninguém irá sentir a sua falta. Quanto muito, alguém irá passar pela árvore agora despida e dirá, "As folhas já caíram... Ficam tão tristes as árvores, assim, vulneráveis...". Mas ninguém irá dizer, "Onde está aquela folha? Sinto mesmo falta dela..." Folhas são folhas e homens são homens.
As luzes estão ligadas, mas de pouco me servem. O meu caminho é tenebroso, escuro e traiçoeiro. Mas pouco me interessa... Para quê caminhar, se não há nada que nos faça querer fazê-lo? Correr por gosto não cansa? Mentira, cansa mais do que se caminharmos por algo. E esse é o meu problema: Não quero caminhar sozinho... Quero alguém que me sussurre, "vai ficar tudo bem", quero alguém que me diga que eu vou conseguir... Mas sei que volto para casa e não está lá ninguém. É frio e inóspito. A cama está fria. Eu estou frio.
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