segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Junto ao ribeiro

Junto ao ribeiro,
´Por entre linhas de árvores desalinhadas,
Me sentei, olhando,
Contemplando a água imortal.

Por entre devaneios
E sonhos infinitamente frustrados,
Vi as folhas,
Vi a luz.

Nos raios que me alouravam a fronte,
Que me lavavam a alma,
Senti uma ponta de pudor,
Uma ponta de censura.

Sorri...
As algas baloiçavam,
Submissas à corrente,
Esverdeadas na sua lentidão.

A terra estava húmida
E o seu odor,
Majestosamente inebriante,
Entorpeceu-me a razão.

Ah, pudera eu
Ficar eternamente entorpecido,
A salvo do que sou,
Refugiado no que não sou.

Para sempre sem escolhas,
À deriva no inconsciente,
Quero ficar,
Quero viver.

A pedra está fria.
A água varre os meus passos.
Sou efémero,
Inútil em todo o movimento.

A luz é morna...
Embala-me o espírito.
E aqui estou, à beira deste ribeiro.
Amando o finito.

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