Trémulo fio de luz
Que balança delicadamente
Na respiração cansada e melancólica
De uma adormecida massa de etéreo.
Um barro que escorre, que se escapa
E se desconstrói aos olhos do Arquitecto
Que é todo no seu abundante nada.
Ao longe, pinceladas pulsáteis e rápidas,
Carregadas de sangue e saliva,
Nesse hálito de criador de mundos, fundos,
Poços de eterna salvação ao abrigo de um fechar de olhos.
Longos vão os tempos em que o tempo era tempo
Em que ser era verbo inicial e final
De uma existência pautada pelo descompasso.
Não se ilude esse gigante na sua demanda quixotiana,
Sem Sanchos nem ventos contra os quais tenha de remar.
Sabe, acredita no âmago da sua profanidade,
Que ser é um ser que nunca será.
É gigante, mas a noite abate-se sem misericórdia.
sábado, 19 de dezembro de 2015
domingo, 26 de outubro de 2014
Pequeno sentimento encardido
Está frio.
Disperso
sentimento de imobilidade,
Perpetuado
pela falha total de tudo quanto me carrega.
Limbo
desnecessário e exasperante,
Destinado
sem qualquer mágoa a essa queda anunciada,
Existência
apagada e um sopro que conforte a alma.
Gritante
tristeza errónea,
Aos céus
dirigida em jeito de clamor ou de desabafo,
Fugaz falta
de ar que assola o cérebro,
E um aperto
no sentido da saudade,
Daquela
altura em que o riso ecoava e não incomodava
E que tudo
fazia sentido, nunca desfazendo o mistério da vida.
E tudo são
iscos e teias e amarras,
Fado malvado
e zombante.
Que do Mundo
nada levas,
A não ser
aquilo que nunca trouxeste contigo.
domingo, 19 de outubro de 2014
Considerações sobre a vida moderna e cosmopolita
Almofada fria.
Cara lavada e sumo.
Notícias de não sei quê sobre tudo.
Uma festinha ao cão e uma tranca na porta.
Carro, primeira e andar.
Sono que ficou por curar
E músicas que não interessam a ninguém.
Trabalho.
Acenar, sorrir e teclar.
Um zumbido incessante.
Aquela miúda que me faz olhinhos.
Um sorriso e até à próxima.
Um jantar, um café e um cigarro com os amigos.
Gargalhadas e abraços.
(Somos todos iguais)
Carro, primeira e ando.
Notícias sobre nada.
Um copo de água.
A almofada ainda fria.
Cara lavada e sumo.
Notícias de não sei quê sobre tudo.
Uma festinha ao cão e uma tranca na porta.
Carro, primeira e andar.
Sono que ficou por curar
E músicas que não interessam a ninguém.
Trabalho.
Acenar, sorrir e teclar.
Um zumbido incessante.
Aquela miúda que me faz olhinhos.
Um sorriso e até à próxima.
Um jantar, um café e um cigarro com os amigos.
Gargalhadas e abraços.
(Somos todos iguais)
Carro, primeira e ando.
Notícias sobre nada.
Um copo de água.
A almofada ainda fria.
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
Quebradiço
Quebradiço.
Frágil mágoa te quebra,
Vidro estalado de saudade lacrado.
No contra-tempo incessante
Do murmúrio debilitante
Que rege a sombria razão,
Sobeja a ânsia do ardor,
Acalenta o espírito a ténue linha,
O fio fino que uiva com os ventos,
Esses mesmos ventos, soprados por Tanátos.
Olímpica lágrima que trilhas caminhos,
Não apagues a chama que de ti foi roubada
E cessa em ti mesma a mágoa,
Frágil mágoa,
Quebradica.
Frágil mágoa te quebra,
Vidro estalado de saudade lacrado.
No contra-tempo incessante
Do murmúrio debilitante
Que rege a sombria razão,
Sobeja a ânsia do ardor,
Acalenta o espírito a ténue linha,
O fio fino que uiva com os ventos,
Esses mesmos ventos, soprados por Tanátos.
Olímpica lágrima que trilhas caminhos,
Não apagues a chama que de ti foi roubada
E cessa em ti mesma a mágoa,
Frágil mágoa,
Quebradica.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
O 2º Acto
Silêncio...
Passos que ecoam,
Como facas afiadas,
Num vazio de palavras
Que me preenche
O tranquilo coração...
O vácuo que tu deixaste,
Saindo sem saíres,
Enche-me de nada,
Deixa-me suspenso
Num limbo entre memórias
E presentes mal-amados.
E eu que me arranje.
Que o meu amor foi um monólogo.
E tu...
Tu não esperaste pelo segundo acto.
Passos que ecoam,
Como facas afiadas,
Num vazio de palavras
Que me preenche
O tranquilo coração...
O vácuo que tu deixaste,
Saindo sem saíres,
Enche-me de nada,
Deixa-me suspenso
Num limbo entre memórias
E presentes mal-amados.
E eu que me arranje.
Que o meu amor foi um monólogo.
E tu...
Tu não esperaste pelo segundo acto.
Manifesto
Um burburinho incessante
De vozes que se alevantam.
Juntam-se as vontades
Dos que não se contentam.
Seremos um,
Todos num só propósito!
Abaixo com o corrupto
Que nos chupa o depósito!
Avante, camaradas!
Que as trombetas já soam.
Vamos que já se faz tarde
E o tambor já ressoa!
Mas vão indo vocês,
Que eu estou enfastiado...
Sereis os revolucionários,
Que eu estou cansado...
De vozes que se alevantam.
Juntam-se as vontades
Dos que não se contentam.
Seremos um,
Todos num só propósito!
Abaixo com o corrupto
Que nos chupa o depósito!
Avante, camaradas!
Que as trombetas já soam.
Vamos que já se faz tarde
E o tambor já ressoa!
Mas vão indo vocês,
Que eu estou enfastiado...
Sereis os revolucionários,
Que eu estou cansado...
Toupeira
A tinta da caneta acabou.
O sonho, a imaginação
Deixou de o ser
E a sensação inundou-me.
O fumo do cigarro envolveu-me
E a realidade,
Como um nevoeiro cerrado,
Não me deixa ver mais longe.
O silêncio era pesado
E ensurdeceu-me a razão.
Queria de volta a leve
E declarada felicidade do não ser.
Sou uma toupeira deste Mundo.
Quero a escuridão,
Quero o submundo,
Quero o irreal.
O sonho, a imaginação
Deixou de o ser
E a sensação inundou-me.
O fumo do cigarro envolveu-me
E a realidade,
Como um nevoeiro cerrado,
Não me deixa ver mais longe.
O silêncio era pesado
E ensurdeceu-me a razão.
Queria de volta a leve
E declarada felicidade do não ser.
Sou uma toupeira deste Mundo.
Quero a escuridão,
Quero o submundo,
Quero o irreal.
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